Palhaços dão ânimo aos sobreviventes do sismo em Itália
Em Aquila não há água, nem electricidade. Nada funciona. Só o campo de apoio aos desalojados, onde palhaços dão apoio psicológico e tentam arrancar sorrisos.
(Francis Calsolaro veio de Milão para dar apoio a todos: crianças pais, avós e até aos voluntários que estão no campo de Aquila)
Bastou um abraço para resgatar um sorriso ao semblante pesado da senhora que passou por Francis Calsolaro. "Bene, bene. Grazzie!", disse a idosa, surpreendida pela investida carinhosa do primeiro palhaço a chegar a Aquila.
Quando se está num campo de desalojados, dificilmente um homem de nariz vermelho, que oferece abraços e sorrisos, estará no topo da lista dos serviços de emergência. Mas Francis não está aqui para brincar. É um profissional deste tipo de terapia. "Faço isto há 20 anos. Já estive na Índia, na Bósnia e no Chile a ajudar em situação de emergência". Tem 39 anos mas, diz divertido, parece mais novo porque está sempre a sorrir.
Veio de Milão para dar apoio a todos: crianças, pais, avós e até às centenas de voluntários que estão no campo de Atletismo de Aquila a dar apoio às vítimas do sismo que abalou na segunda-feira a região de Abruzzi. "As pessoas ficam esgotadas de estar aqui nesta situação. E é importante que esqueçam a desgraça e a tristeza. Torna-se mais fácil se puderem sorrir de vez em quando", explica.
Francis e outros palhaços que, entretanto chegaram a Aquila durante a tarde de ontem, são um dos poucos sinais de alegria num campo de desalojados onde reina incerteza e a melancolia. Oriana Broccolini, jovem de 35 anos, que trabalha na tenda de apoio psicológico às vítimas contou, ao JN, que não teve um dia fácil. "É a primeira vez que estou numa tragédia real. Apenas tinha participado em simulações", confessa.
Muitas pessoas procuram-na para conversar ou para desabafar. Dois pais que perderam o filho no sismo tinham saído da tenda pouco tempo antes do JN a encontrar ao lado de uma menina que se animava com um livro de colorir. O apoio psicológico às vítimas é um dos pilares fundamentais da ajuda. Não basta dar comida. "Temos que lhes dar confiança no futuro, fazer-lhes sentir que estamos com eles", assegura Marco Volponi, voluntário que veio de Roma.
Ironia do destino, Aquila, outrora uma cidade que vivia principalmente dos turistas, que aqui vinham pela sua história, parece agora ter regressado à idade medieval, tempo em que foi fundada, no século XIV. Não há água, nem electricidade. E ninguém está autorizado a regressar a casa, mesmo aqueles que viviam em edifícios que não sofreram danos. Nada funciona a não ser o campo de apoio a desalojados, que se transformou numa nova cidade. É um mar de tendas azuis que cobre todo o relvado, onde todos estão dependentes da solidariedade da Protecção Civil, da Cruz Vermelha, dos militares e das associações humanitárias que trouxeram voluntários de todo o país.
Cerca de 1200 pessoas conseguiram uma tenda para dormir. Os outros mil, que viviam nas redondezas, irão continuar a pernoitar em carros e na estação de comboio de Aquila. Só passaram pelo campo para vir buscar comida. Não se sabe ainda quando vai haver espaço para todos.
O último balanço feito pelas autoridades italianas apontava para 272 mortos e 1500 feridos. As operações de resgate continuaram durante todo o dia e foram resgatados 10 corpos. Segundo uma rádio italiana, Silvio Berlusconi ordenou que, a partir de amanhã, o centro de Aquila irá ficar com os acessos completamente fechados, com a ajuda dos centenas de militares que chegaram à cidade.
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Jornal de Notícias, 9 de Abril de 2009
Noticia que figura hoje no JN e que mostra o apoio psicológico dos palhaços depois do sismo ocorrido no centro de Itália. Para os que foram ao Workshop "Liberta o Teu Palhaço Interior", podem ver aqui uma outra forma de aplicação.
2 comentários:
é bem verdade... tal como o nosso fomador nos falou..
Bem verdade e muito importante mesmo.
No workshop foi falado o contexto do Hospital. Neste caso vemos que para uma situação em escala maior, o apoio prestado pelos "Psicólogos Palhaços" é ainda mais necessário, ajudando e mantendo afastadas as crianças do que aconteceu, pelo menos por agora.
PS: Obrigado Cintia, por iniciares os comentários, algo que temos pedido há imenso tempo :D
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