“Da cannabis passa-se
para a heroína e depois acaba-se a vida!”
Depois do post anterior
quase que me apetecia ter só testemunhos de pessoas que estão em ou fizeram um
processo terapêutico. Espero em breve poder trazer-vos outros testemunhos. Se alguém se quiser voluntariar e enviar
anonimamente o seu testemunho pode sempre fazê-lo através do e-mail do blog.
Desde já peço que não
se assustem com o título do post. Andava aqui a pensar sobre o que escrever,
sendo que o mês passado andámos focados nas permissões e nas proibições, e
lembrei-me desta frase. Confesso que não me lembro onde a ouvi, mas lembro-me de
a ouvir quando era miúda e da confusão que esta ideia ligada ao consumo de
droga gerava. A ideia era que basicamente a pessoa experimentava um cigarro de
haxixe e a partir daí já não conseguia parar e posteriormente passava para as
drogas ditas “pesadas”. A realidade é que as coisas não se processam dessa
forma e dava-se o caso de isto ser dito com o objectivo de evitar consumos, mas
só gerava confusão. Porque efectivamente havia pessoas que experimentavam um
cigarro de haxixe e não se sentiam “agarrados” e pensavam “ah então até posso
experimentar outra droga, que isto não é nada como dizem praí”.
Penso que muito se
evoluiu desde aí, tanto ao nível da prevenção, como ao nível das campanhas de
redução de risco e minimização de danos. Cada vez mais é necessária uma
diferenciação no que concerne aos efeitos e riscos das diferentes substâncias e
não colocá-las no mesmo saco. A própria forma como se tratam/abordam os
consumidores também deve ser diferenciada, tendo em consideração que o
uso/abuso/dependência de drogas e os seus significados são diferentes de
individuo para individuo, e mais diferentes serão em diferentes épocas e
diferentes culturas. Possivelmente é isto que acaba por tornar a intervenção da
psicologia tão importante neste contexto. E se isto parece algo básico, implica
algum trabalho, conhecimento das próprias substâncias, não se deixar levar por
preconceitos e acima de tudo estar consciente e disponível para abraçar a
complexidade e riqueza que é ser humano.
Apesar da prevenção não
ser apenas veiculada pelas palavras, convenhamos – as palavras e a forma como comunicamos têm um impacto gigante nos dias
que correm ainda por cima numa era em que estamos todos interconectados à
distância de um click.
Façam
bom uso das vossas palavras!
Ana Nunes da Silva
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