segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

[Comboio do Desenvolvimento]: O Comboio, Parte 2


Um comboio para o desenvolvimento psicológico

  Passaram uns dias e eis-me aqui, de novo, para começar a reflectir convosco sobre o nosso comboio. Lembram-se dele?

Vejamos então como essa simples experiência de um comboio que passa regularmente nos transporta para duas dimensões básicas e fundamentais do desenvolvimento psicológico. 
Em primeiro lugar, não há desenvolvimento psicológico sem experiência de si e do mundo.
Como poderia dizer o Tiago Fonseca quando nos descreve a percepção, objectivamente, é sempre um comboio, que repete o mesmo percurso, sensivelmente à mesma velocidade. Mas, não é isso que aqui nos interessa. Aqui fala-se da nossa percepção, da experiência que nós próprios construímos e que nos leva à consciência da necessidade que, uns e outros, sentimos de compreender o tempo.
Tal como este e muitos filósofos, nós, os psicólogos, falamos sempre, de uma forma ou de outra, sobre a experiência de nós próprios e do mundo que nos rodeia; mas, ao contrário dos filósofos, procuramos uma descrição e compreensão científica dessa experiência e da forma como ela regula a nossa conduta e a conduta humana, em geral.
 
Em segundo lugar, não há desenvolvimento psicológico sem acção, sem construção activa da experiência de si e do mundo.
Actualmente, para a maioria dos psicólogos e, particularmente, dos psicólogos do desenvolvimento, percepcionar, memorizar, aprender, conhecer, pensar, sentir, não é, como queriam os filósofos empiristas, captar e reproduzir passivamente o mundo dito real, objectivo ou meramente sensitivo; nem é, como queriam os filósofos racionalistas, elaborar um mundo ideal, lógico ou meramente subjectivo.
Se assim fosse, poderíamos pôr a hipótese extrema que, chegados ao século XXI, já não haveria, por exemplo, necessidade de investigação científica, pois qualquer destes mundos, empírico ou racional, estaria há muito desvendado.
Se assim fosse, a passagem regular de um simples comboio despertaria necessariamente em qualquer observador a mesma experiência, o que, de facto, não acontece. Pensem no “Homem do Violino” de que também nos fala o Tiago Fonseca. Quando tocou no metro, todos os que ali passavam o ignoraram, salvo um desses passantes, que não se submeteu ao estereótipo e se deixou fascinar pela magia daquela música.
 
Deixo-vos uma definição, proposta por Serge Netchine (1970, p. 304), das perspectivas filosóficas designadas por empirismo (cf. Locke e Hume, entre outros) e racionalismo (cf. Leibniz, entre outros) ou, na tradição da filosofia marxista, designadas por materialismo e idealismo:
“Os empiristas defendem que as ideias são adquiridas a partir da experiência e, portanto, que elas têm uma génese; mas, esta perspectiva é insatisfatória enquanto “doutrina da acomodação que esqueceu a existência da assimilação” (Piaget, 1970, p 68). Dito de outro modo, o empirismo propõe uma concepção do psiquismo…como construção passiva a partir da acção da realidade sensível.
Quanto aos racionalistas, eles são…inatistas, pois afirmam que as ideias estão no espírito antes de toda a experiência e que regulam as aquisições, em vez de derivarem delas. Assim sendo, insistem, correctamente, no papel activo do sujeito no conhecimento, mas negam ou subestimam os efeitos da experiência recebida por contacto com a realidade objectiva. Apresentam então “doutrinas da assimilação pura que esquecem as suas relações com a acomodação” (Piaget, 1970, p. 68)”. 
Percepcionar, memorizar, aprender, conhecer, pensar, sentir, será então, dizem-nos particularmente os psicólogos do desenvolvimento (Piaget, Vygotski e muitos outros), agir e interagir com o mundo externo ou interno a cada um de nós e, progressivamente, ir construindo e reconstruindo essa experiência empírica, a representação que temos de nós próprios e do mundo, à medida que se vai organizando e reorganizando a nossa própria acção, ou seja, a nossa conduta de relação connosco e com o mundo que vivemos.

O que será isto? Porque que é que os investigadores nos dizem que, basicamente, este é o processo de desenvolvimento psicológico?
Ficam estas duas questões para cada um pensar sozinho e, juntos, conseguirmos compreender, mais e melhor, o nosso comboio…

M. Stella Aguiar

Referências:
Netchine, S. (1970). Sur les notions d’enfance et de changement dans le débat entre rationalistes et empiristes. Enfance, (3-5), p. 303-324.

Carta Ideológica


Deixo-vos a Carta Ideológica do Psicologia Para Psicólogos, que se assume assim como um projecto de futuro.
O nosso obrigado a todos!
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Psicologia Para Psicólogos
Carta Ideológica

            O Psicologia Para Psicólogos é um projecto empreendedor no que diz respeito à promoção das ciências psicológicas. Tem como público alvo a sociedade civil em geral, promovendo de forma acessível o conhecimento sobre a Psicologia em diversas áreas da sua acção, bem como estudantes de Psicologia e Psicólogos, que queiram desenvolver a sua formação e educação em Psicologia através da aquisição de competências e debate.
            Visa ser um forte promotor no que à Psicologia diz respeito, apoiando as suas boas práticas, estimulando o desenvolvimento de ideias, projectando, criando e dinamizando a educação para a psicologia.
Neste sentido, conta com vários autores e colaboradores que, com a sua participação, elevam a Psicologia à sua essência e a mostram na sua aplicação, nas mais diversas áreas. Conta, também, o Psicologia Para Psicólogos, com várias parcerias, com as quais comunga o objectivo central da sua acção, e com as quais conta para diversas sinergias.
Tendo em conta o que nos propomos, o projecto Psicologia Para Psicólogos assenta a sua acção em três eixos:
- Blogue - Através das publicações dos diversos autores do blogue, o Psicologia Para Psicólogos consegue assegurar o acompanhamento da Psicologia pela sociedade civil, contribuindo para a acessibilidade da informação, divulgação e debate em torno da Psicologia.
- Educar para a Psicologia – Tem como intuito a promoção da educação para a Psicologia através da realização de diversas acções de formação. É intenção desenvolver este eixo no sentido da prestação certificada de formação em Psicologia. Actualmente encontra-se num meio termo entre o presente possível, e o futuro desejado.
- Intervenção – Não faria sentido, num projecto ambicioso como este se apresenta, que não fosse objectivo a disponibilização de formas de intervenção psicológica. Assim, numa fase futura, é intenção deste projecto disponibilizar, de forma habilitada, intervenção psicológica de orientação clínica, nas diversas áreas psicoterapêuticas.
            É com estes três eixos - um primeiro bem presente; um segundo presente mas em desenvolvimento e; um terceiro de futuro - que o Psicologia Para Psicólogos se apresenta como uma ferramenta importante no desenvolvimento da Psicologia na sociedade, bem como numa marca de educação de Psicólogos em Psicologia.

Tiago A. G. Fonseca

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Motivações para a Psicologia #07

Dentro da Psicologia, porquê essa área?


- Sofia Santos, 4ºAno, Mestrado em Psicologia Educacional e de Orientação, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

Por vezes na vida somos obrigados a fazer escolhas e nem sempre reflectimos sobre elas ou então seguimos as pegadas dos outros pois, se aquela decisão foi acertada para eles também poderá ser a decisão acertada para nós.

            No entanto, quando me vi no terceiro ano e com a necessidade de escolher uma secção de especialização em Psicologia a decisão não foi assim tão difícil nem foi ao encontro da de muitas das pessoas que me foram acompanhando ao longo do percurso académico. Ao escolher a secção de Psicologia da Educação e da Orientação fi-lo por mim e por diversos motivos. Primeiro porque sinto que é uma secção onde se pode trabalhar ao longo de todo o percurso de vida e uma das minhas paixões em Psicologia é o desenvolvimento, segundo, porque de algum modo me pareceu a secção mais integrativa no sentido de não se reger por apenas uma teoria ou corrente teórica da Psicologia, indo buscar pequenas coisas de várias correntes. Além disso, a aprendizagem e o modo de aprender sempre me fascinaram, sendo que vejo que esta secção possuí muito uma vertente de olhar para a intervenção como uma aprendizagem, preocupando-se não só com o problema mas com a prevenção deste.

Tendo dito isto, e apesar de saber que não é muito explicativo, optei por esta secção pois no momento de decisão senti que era a que mais se adequava aos meus gostos, um pouco à minha personalidade e aquilo que pretendo desenvolver enquanto psicóloga, mas isso são coisas que se encontram ainda muito em fase de aprofundamento e exploração.

Sinto que no terceiro ano é útil explorar as diversas secções através do contacto com professores, colegas e indo ao encontro dos programas curriculares das diversas cadeiras de modo a que seja uma decisão fundamentada e bem equacionada.

Penso que a Psicologia é um universo demasiado vasto para que a decisão de secção seja última na decisão de toda a formação académica do psicólogo, devendo este sempre que interessado e possível aprofundar os seus conhecimentos não só na sua área mas conhecendo um pouco de tudo o que se faz em Psicologia.”


Tiago A. G. Fonseca


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

[PREVENIcaNDO] O Nosso Espaço


A identidade de alguém constrói-se no espaço. Em termos de desenvolvimento, é na exploração do que está para além do conforto materno, com a aquisição da marcha, que a separação / individuação ganha efectividade. É na forma como esse espaço é explorado, no sentimento que envolve essa actividade, a maior ou menor ansiedade do adulto, a segurança de que o outro não desaparece com o afastamento, que se gera a confiança essencial na abertura ao mundo.
Alguns autores consideram que o mapeamento do real, a forma como nos posicionamos face ao que nos envolve, a capacidade de nos perdermos e nos reencontrarmos, tem a sua raiz nesse processo de estabelecer uma distância face ao objecto primário. A distância assim criada, cria espaço para o preenchimento de memórias e referências passíveis de serem evocadas na ausência. Esse preenchimento, essa evocação garante uma atitude tranquila face ao desconhecido. De algum modo o caminho de regresso será encontrado e uma cara conhecida nos esperará para ouvir a nossa história, as nossas aventuras.

Com o crescimento, muda o enredo, mudam os contextos, mudam os personagens, mas de algum modo repete-se a história. Itálo Calvino fala-nos da importância de descobrir o mundo para reforçar o sentimento que o nosso espaço, a nossa cidade é uma, é aquela onde nos sentimos bem e à qual regressamos sempre, mesmo quando maravilhados com o que o mundo nos oferece.
E como se gera esse espaço de pertença? O jogo de construção desse espaço não é simples nem tranquilo. Nem sempre é possível haver um quarto próprio. Nem sempre as nossas coisas, os nossos objectos são só nossos. Mas aquele que é possível, é recheado por nós com marcas que nos dizem e dizem aos outros que aquele espaço é nosso. Se esse espaço está dentro na nossa casa, tem os nossos desenhos, ou os nossos posters, os autocolantes, ou a roupa e o cheiro que só por nós é tolerado. Mas quando a densidade de ocupação da nossa casa o impede, saímos para espaços mais amplos procurando sítios que possamos chamar nossos. Pode ser o sítio onde jogamos à bola, o café onde os amigos se encontram invariavelmente, ou pode ser o lugar resguardado da vista dos outros onde acontecem coisas que não confessamos. Também esses lugares são por nós marcados, com o que mais tem a ver connosco, tags, graffitis, garrafas vazias, sons batidos pela noite fora…
Fazemos do espaço público o nosso espaço por umas horas para, pela manhã voltarmos à procura de novos contextos, uns mais organizados, outros ameaçadoramente marcados pela marginalidade outros ainda, plenos de oportunidades prontas a serem aproveitadas por quem tiver unhas para as agarrar. Este vai e vem entre espaços, entre pertenças, entre facetas da nossa vida, é entremeado pelas vidas dos outros que ocupam os espaços por nós deixados, as oportunidades por nós não aproveitadas, numa dinâmica fluida de coabitação.
A consciência deste processo é essencial na intervenção preventiva. O reconhecimento da importância do nosso espaço, a consciência do papel dos outros na consolidação desse território, na forma como exigem que o defendamos ou no modo como o respeitam, são conteúdos nucleares na dinamização de um grupo. O que torna um espaço, o nosso espaço? Numa qualquer sala somos capazes de o escolher pela luz, pela vizinhança, pela tranquilidade, ou simplesmente por estar livre. Como o ocupamos? Sentámo-nos nele, deitamo-nos, preenchemo-lo com o que temos no bolso, delimitamo-lo para que os outros lhe conheçam os limites. E como o abrimos à existência dos outros? Convidamo-los a entrar? Mantemo-los à distância? Trocamos de lugar com os outros? Com quem? Com aqueles que nos são mais próximos? Com aqueles com quem estamos mais à vontade? Com aqueles que nos chamam mais à atenção ou com aqueles que estão do outro lado da sala? As regras simples do jogo obrigam apenas ao estabelecimento de um contacto visual, um rudimentar sinal de combinação obrigatoriamente silencioso (não é permitido falar) e o arriscar da troca. Por vezes à má interpretação de sinais conduz a falsas partidas, a desvios a meio do caminho, a perdas de espaços conquistados. Como na vida real, aliás. E na reflexão que se segue, entre risos e desabafos, confessa-se o engano, a sedução, a satisfação e outras coisas mais que emergem da acção. O sentido da exploração do mundo lúdico, de braço dado com a descoberta do mundo real, reforça a reinvenção de sentidos e significados. A possibilidade de os viver, consciencializar e partilhar, é a base da reescrita de uma história vivida e contada muitas vezes. Mas na dinâmica preventiva, no seio do grupo de treino de competências pessoais e sociais, o tempo pára para que a palavra empreste algo mais à simples passagem ao acto.

            Raúl Melo

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Nova Colaboradora, Ana Mesquita

 
Com o crescimento do Psicologia Para Psicólogos, damos as boas vindas a uma nova colaboradora: Ana Mesquita!
Ana Mesquita é estudante do Mestrado Integrado em Psicologia, na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
Poderão consultar esta informação no separador “Colaboradores” da página do blog.
A sua rubrica terá o nome “Grandes Nomes”! Não podemos compreender o presente da Psicologia e os seus intervenientes actuais sem compreender os que fizeram dela o que ela é. Assim, nesta rubrica serão apresentadas as personalidades que contribuíram para o crescimento e desenvolvimento da Psicologia como ela é hoje!
Que seja muito bem-vinda!

Psicologia Para Psicólogos

Parceria: CRIAP


            Apresento-vos hoje mais uma parceria, desta feita com o Instituto CRIAP!
 


            Acompanhem o Instituto CRIAP no seu site e na sua página de facebook!

            Psicologia Para Psicólogos

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

[The Naked Lunch]: “Ah! Isso é psicológico!...”


Fazendo uma pausa nas questões das proibições Vs permissões, hoje venho falar-vos do consumo de psicotrópicos em estudantes universitários.

“Um terço dos universitários no Porto consome psicotrópicos”

A notícia apresenta alguns dos dados de um estudo realizado pela Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (SPESM): “mais de 30% dos alunos universitários do Porto consome medicamentos psicotrópicos e afirma não ter prazer nas coisas que faz na vida.” Este estudo refere consumo de ansiolíticos, hipnóticos e antidepressivos, associado ao aumento de “estados de ansiedade”, “do risco do suicídio” e “questões de isolamento”.

Este tema não é recente, mas dadas as circunstâncias actuais do próprio país, esta parece uma realidade cada vez mais presente não só para os estudantes universitários como para os jovens adultos que vem as suas perspectivas de futuro mais sombrias. Na notícia são ainda focados os consumos de álcool “19% referem consumos todos os dias e 52,4% referem consumos regulares aos fins-de-semana”.
Para além das questões da prevenção mencionadas na notícia, e de algum apoio que poderia ser potenciado pela comunidade, amigos e familiares, penso que existem outras dificuldades associadas a esta situação. Se por um lado é verdade que os recursos (pelo menos no SNS) dificultam uma resposta atempada e o diagnóstico adequado, por vezes a própria pessoa sente dificuldade em procurar este tipo de ajuda porque ainda existe algum (bastante!?) estigma associada aquilo que vem nomeado na notícia como “doenças mentais leves”. Confesso que não gosto do termo usado, penso que seria mais adequado chamar-lhe problemas associados à saúde mental ou algo do género (mais focado na dimensão saúde e não na doença). Como provavelmente isso implicará a procura de um Psi, muitas vezes o individuo vai adiando a procura de ajuda na esperança que a coisa passe “é só uma fase”. E por vezes até pode ser, e se a pessoa se rodear dos meios adequados possivelmente é “só uma fase”. Contudo, não é incomum, na prática clinica, os clientes surgirem já com 3 ou 4 (ou mais!) anos de início das crises de ansiedade ou as tais “doenças mentais leves”. Vão usando as estratégias que tem à mão, que muitas vezes potenciam o problema, como o isolamento, a auto medicação, ou o consumo mais acentuado de substâncias, principalmente o álcool, como estratégia reguladora.

Queria aproveitar para deixar um apelo, se tiverem algumas destas queixas procurem o vosso médico de família, falem da hipótese de serem acompanhados por um psicólogo. Não adiem a procura de ajuda porque normalmente só traz mais sofrimento associado. Se não se sentirem com energias para isso tentem não se isolar: falem das vossas dificuldades com um amigo mais próximo, um familiar… Ninguém deveria ter que passar por este tipo de sofrimento sozinho.

Habituamo-nos a ouvir no senso comum “Ah! Isso é psicológico!...” com uma certa conotação depreciativa e desvalorização daquilo que o outro está a sentir/viver. A ansiedade, e também a sintomatologia depressiva, podem realmente ser muito incapacitantes e de leve não têm nada! Procurar ajuda só pode ser um sinal de coragem e nunca de fraqueza! Se por vezes não fosse necessário um certo tipo de apoio, nós (psis) não estávamos cá a fazer nada, não é? ;)

Ana Nunes da Silva

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Experiência Culinária de Jamie Oliver

Vejam bem este pequeno filme.

 
Nele, Jamie Oliver faz uma pequena experiência culinária, onde demonstra a crianças como são feitos alguns nuggets, fazendo sempre, em paralelo ao processo, a pergunta “onde está a boa comida?”. A certo ponto, a resposta sofre uma alteração.

            Onde surge esta mudança? Onde é feito o “clique”? Que alteração de pensamento ocorre? O que acontece no cérebro das crianças no momento em que o dedo deixa de apontar, de forma consciente (!!!!!!), para a comida que lhes faz bem?

            A resposta apenas pode ser uma: Percepção.
            A mudança na percepção das crianças, ao visualizarem todo o processo, é alterado. Possivelmente porque, para as crianças, a fast food é melhor que os cozinhados de casa. Mas também não é assim com os adultos?

No fim do filme, o Oliver explica de forma muito acertada o que ocorreu, até de um ponto de vista psicológico: "Andamos a formatar as nossas crianças tão bem, que depois não sabem a distinção".

Não será tempo de se estudar os efeitos, a curto e a longo prazo, destas formatações? Será que as tendências e opções a que sujeitamos as crianças são as adequadas à sociedade que queremos no futuro? De que forma são as boas avaliações e percepções afectadas e/ou dificultadas por estes processos?
Ficam as questões para reflexão.

Tiago A. G. Fonseca

Parceria: AE FP.IE-UL


            Apresento-vos, com extremo agrado, mais uma parceria, desta feita com a Associação de Estudante da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa!
 
 
 
            O Psicologia Para Psicólogos associa-se assim à AE FP.IE-UL numa parceria de actividade, promovendo as suas acções de formação na área da Psicologia, bem como na sinergia de actividades conjuntas.
            Acompanhem a AE FP.IE-UL no seu site e no seu facebook!

            Psicologia Para Psicólogos

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

[Psicologia e Política]: Mudar Custa...


A acção política afecta tudo e todos. Quem se interessa por política e quem não se interessa por política. O que é facto é que a política funciona com as pessoas, no seio da população, implementando a mudança. A direcção dessa mudança não está aqui em causa, nem é alvo desta publicação.
Estas mudanças implicam as pessoas, o seu dia-a-dia, a sua gestão pessoal e colectiva, a sua acção e o seu pensamento. Mas mudar não é fácil. Nunca foi. E não é apenas em Política. Mudar não é fácil.

Sempre que as mudanças são aplicadas, estas são percebidas como boas ou más, e daí a sua percepção fazer variar a dificuldade da sua implementação e aceitação. Mas existe sempre dificuldade inicial. Não é para todos, pois há pessoas que se adaptam mais facilmente, outras que se adaptam com mais dificuldade. Outras, que pela sua experiência, não se querem adaptar. Outras ainda que não têm competências para isso. E ainda outras que não estão aptas a isso pelas suas condições actuais. Significa isto que nada está bem para todos ao mesmo tempo. É impossível.

O que é certo é que existem facilidades de mudança, já faladas nesta rubrica, que passam pela boa comunicação e pela facilitação da percepção das boas consequências da mudança. Mesmo assim existirão sempre pessoas que não ficarão satisfeitas com a mudança. Porquê? Porque por muito bom que seja, mudar custa.

Tiago A. G. Fonseca

Parceria: Tertúlias à Lareira


            Desta forma apresento-vos mais uma parceria, desta feita com o blog Tertúlias à Lareira, de Margarida Rodrigues.
 
 
            O Psicologia Para Psicólogos, na pessoa do Tiago A. G. Fonseca, foi convidado para participar no blog, onde fará a gestão dos conteúdos da página “Espaço Psicologia” do blog Tertúlias à Lareira.
            Acompanhem o Tertúlias à Lareira no seu blog e no seu facebook, e não se esqueçam de visitar o Espaço Psicologia!

            Psicologia Para Psicólogos

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Motivações para a Psicologia #06

Dentro da Psicologia, porquê essa área?

- Margarida Rodrigues, 4ºAno, Mestrado em Psicologia Clínica, da Saúde e da Doença, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa


Desde que pensei em vir para Psicologia (o que admito que foi bastante repentino) que pensei sempre em Psicologia Clinica. Sem saber muito bem porquê porque nem sequer conhecia as outras áreas, mas acho que era a ideia de que tinha de Psicólogo.
         Quanto ao núcleo, Da Saúde e da Doença. Só decidi isso depois de ter a conferência explicativa de cada um dos mestrados, na qual nos referiam alguns locais de estágio e nos explicavam mais objectivamente aquilo que poderíamos, um dia, fazer. Escolhi isto pela vertente da doença, maioritariamente. A ideia de trabalhar com pessoas que estejam efectivamente doentes, a nível físico quero eu dizer, é uma ideia que me agrada. Poder, de algum modo, aliviar o sofrimento mais psicológico inerente á condição que determinada pessoa tem, ajudá-la a adaptar-se à sua realidade é algo que me fascina e, espero, realize. Nunca tinha pensado bem bem nisto, mas agora que me fizeste pensar, acho que há três razões fundamentais para sentir isto:


1 – Sou doente crónica… a psicologia da doença diz, essencialmente respeito a este tipo de doentes, o que para mim é uma realidade com a qual lido e conheço desde que me lembro de ser gente.
2 – Vivi, á relativamente pouco tempo, com o problema oncológico do meu pai (cancro do pulmão), e com a morte dele na sequencia da doença (descoberta em fase terminal). O facto é que, nunca pensei dizer isto mas, a minha meta será, um dia, o IPO. Foi o mais difícil que tive na vida, ainda hoje define quem sou, e senti na pele a necessidade que existe em ter ajuda de alguém de fora, de um especialista que não os médicos e os enfermeiros.
3 – Estudei um ano enfermagem… a vivencia em hospital/Centro de saúde, o contacto com esse “mundo” e com essas pessoas foi uma experiencia gratificante e que nunca esquecerei e gostaria de poder ter um pouco dessa “vida”, tendo como profissão a área que escolhi para futuro: a psicologia.


Não esquecendo a parte da Saúde, promoção da saúde, é uma área que estou actualmente a perceber o quão interessante pode ser e a diferença que podemos, realmente, ter nos hábitos de vida das pessoas"

           Tiago A. G. Fonseca

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mudar os Pacientes?


Hoje quero que pensem numa ideia e que partilhem o que ela vos diz.
É uma frase do meu Orientador e Professor, Doutor António Branco Vasco, dada a nós em Sessão de Supervisão de casos clínicos, em 2011.
Para a semana aprofundarei a mesma.

“Quem mudar o paciente, chumba!”
 
 
Tiago A. G. Fonseca

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

[Criminal-Forense]: Criminosos e Inteligência

Criminosos: Inteligentes… Ou burros?

O senso comum poderá facultar-nos as duas alternativas por diversas razões. No entanto, um grande número de estudos de investigação afirma que os delinquentes em geral possuem um nível médio de inteligência mais baixo que os não delinquentes, como também os ofensores persistentes possuem um nível médio de inteligência mais baixo do que os não persistentes.
Porque é que isto se sucede? Um nível baixo de inteligência poderá levar a um pobre sucesso escolar, inibindo a formação de laços pró-sociais a instituições convencionais que podem prevenir a delinquência. Se o desempenho escolar afectar a história laboral, poderá também dificultar o alcance de objetivos por meios legais, sendo que os indivíduos com capacidades cognitivas mais elevadas têm maior probabilidade de desistir de atividades ilegais devido a esta maior competência em explorar alternativas legítimas ao crime.
Pode-se salientar ainda que as crianças com baixo nível de inteligência podem ser menos capazes de construir inibições internas contra o cometimento de ofensas, criando assim uma maior tendência anti-social.
Relativamente aos delinquentes com um nível mais elevado de inteligência, estes envolvem-se em crimes que requerem um maior planeamento e que oferecem maior gratificação e deferimento.
Pode-se assim considerar o nível de inteligência como um fator de risco para o comportamento criminal, associando-se à motivação do indivíduo e consequentemente ao tipo de crime que irá cometer.

Ana Lopes

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Motivações para a Psicologia #05

Dentro da Psicologia, porquê essa área?

- Marta Bento, 4ºAno, Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde - Clínica Dinâmica, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa:
 O que me atraiu no paradigma dinâmico foi o facto de ser uma abordagem muito focada para o crescimento da pessoa, para além do sintoma. É uma abordagem que apesar de ser baseada nos conceitos psicanalíticos, tem-se afastado da psicanálise clássica. É uma abordagem que se foca muito na relação do indivíduo com o mundo, bem como os eventos/situações de vida/experiências que construíram toda a sua vida até àquele momento e a dinâmica relacional de terapeuta-paciente. É uma área que tem por objectivo o crescimento da pessoa, aumentando o seu insight e melhorando a forma como nos relacionamos connosco próprios e com os outros, com o mundo que nos rodeia. No entanto, acho que cada paciente é único; o terapeuta deve ser flexível o suficiente para se ajustar e decidir o que é melhor para cada cliente e para cada situação em particular.

Tiago A. G. Fonseca

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

[PREVENIcaNDO]: Tempo


É cedo, são seis da manhã e estou atrasado a caminho para o aeroporto. As viagens deixam-me sempre muito acelerado. Há todo um fascínio na ida para outro país mesmo quando o motivo é trabalho. O fuso horário muda, as gentes mudam, o ritmo muda. Contudo não muda da mesma maneira para todos. À minha volta há quem corra (mais do que eu), há quem se arraste pelos acessos às portas de embarque (afinal de contas não deixam de ser seis da manhã), há quem se descontraia, há que se exercite, há quem já jogue um jogo qualquer na consola. O tempo, sendo comum a todos, é ao mesmo tempo tão diferente. Para uns pode ser denso, para outros fluido, para uns pode ser viscoso, chato e interminável, para outros é solto e rápido. No entanto, estamos todos no mesmo tempo. Ou não estaremos? Se isso é indubitável no que diz respeito ao tempo físico, já não o é no plano biológico (idades, origens geográficas, sexos,…) ou no plano psicológico (tristeza, alegria, stress, tranquilidade,…) em que a vivência do tempo é muito diferente.

Usei frequentemente nas minhas dinâmicas de grupo, o exercício de dar a pessoas diferentes, uma tarefa de natureza variada e pedir-lhes que contassem tempo. Assim, enquanto uns corriam pela sala, outros enfrentavam as paredes, outros tinham de olhar fixamente os olhos de um desconhecido, enquanto outros ainda se mantinham em posições que diferiam na escala de desconforto. Invariavelmente o mesmo intervalo de tempo esticava ou encurtava consoante a contagem era feita por alguém que se sentia bem ou mal na tarefa.
Porque é que eu usava esta dinâmica num grupo de formação? Porque frequentemente nos confrontamos com situações em que reagimos aos outros sem levar em consideração a sua vivência particular do tempo. O contexto escolar, por exemplo, obriga a processos muito complicados de adaptação a ritmos e tempos diferentes. A cadência da exposição do professor, o “compasso” das diferentes matérias, o impacto do relógio de necessidades do nosso corpo, marcam de forma diversa o estar nas aulas. O cruzamento dos diferentes “estares” provoca uma cacofonia desarmoniosa frequentemente mal entendida e mal gerida por todas as partes. Mas também em casa esta realidade se verifica. É frequente que quando os mais velhos começam a acordar estão os mais novos a pensar em dormir ou vice-versa consoante a fase do ciclo de vida. De acordo com as tarefas, constroem-se críticas em torno do ritmo de trabalho ou do ritmo de laser. Nem sempre se encontram tempos compartilhados ou simplesmente ritmos paralelos. E se tal não acontece como se pode esperar uma construção conjunta, ou diálogo uma partilha? São já bastantes os projectos e programas de trabalho que fazendo da promoção de um tempo – interno e externo – comum, um ponto de partida para o entendimento, concentração e entrega. Este tipo de abordagem tem expressão em contextos tão diferentes, quanto o escolar, familiar, organizacional, clínico entre outros. É muito curioso pensar como o tempo pode dar espaço à relação, ao conhecimento, à consciência de si e dos outros. Da mesma maneira é curioso perceber como o espaço pode dar tempo à relação, ao sentimento, à identidade. Mas disso falaremos noutro dia.
Neste momento são oito da manhã. A correria deu lugar a um voo tranquilo e os pensamentos fugidios puderam finalmente concretizar-se neste pequeno texto que estava em atraso. E do tempo investido se gera tranquilidade e da tranquilidade emerge um tempo de qualidade. Fechemos os olhos e descansemos enfim…

Raul Melo

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

[Comboio do Desenvolvimento]: O Comboio

Um Comboio para o Desenvolvimento Psicológico

Jean Guitton, um filósofo católico francês, na autobiografia intitulada “Um século, uma vida” conta-nos como, desde a atracção que sentia pelo “Rápido de Paris”, chegou ao tema que o iria apaixonar toda a vida, o Tempo e a Eternidade. Talvez porque este livro foi o primeiro de muitos outros traduzido pela minha mãe e talvez porque o acaso da vida me faz ouvir periodicamente o comboio de Cascais, também para mim este som familiar tem o poder evocar o tempo, não só o tempo intemporal e eterno, mas o tempo do nosso próprio desenvolvimento psicológico.
Porque, sempre que o combóio passa, o som muda e evolui, primeiro leve e longínquo, depois cada vez mais forte e mais próximo e, por fim, de novo, mais e mais esbatido e distante. Porque o comboio passa todos os dias, regularmente, e aquele som familiar vai marcando o presente, que logo se transforma em passado e que, antes, era esperado como futuro. E também porque a passagem regular daquele comboio parece eterna, sempre outra e sempre igual, como se o tempo nada mudasse e apenas reproduzisse uma sucessão de sons familiares e também como se o tempo tudo mudasse, porque muda sempre a experiência de quem o pressente.

Veremos então como esta simples experiência de um comboio que passa nos transporta para algumas dimensões básicas e fundamentais do desenvolvimento psicológico de cada um de nós e, porque não arriscar, das comunidades humanas, em geral.

Embora este objectivo possa parecer muito global e até demasiado teórico, acredito que não o é.
Neste espaço que me foi aberto pelo Tiago Fonseca, um dos meus estudantes de Psicologia do Desenvolvimento da Universidade de Lisboa que nunca mais pude esquecer, pretendo apenas retomar e continuar a reflectir sobre a questão que ele próprio colocou a duas jovens que frequentam hoje o 2º ano dos nossos cursos:

“Psicologia. Porque continua a fazer sentido?”
            É, de facto, uma questão importante! Recordemos então o que nos diziam a Ana Mesquita e a Filipa Vieira.
“Porque cada cantinho do mundo é influenciado por nós, e…perceber um pouco do que nos move, é perceber mais um pedaço…desse mundo que também é nosso…Porque continua a ser-me imprescindível uma maior compreensão dos outros e, acima de tudo, de mim, enquanto indivíduo genérico e enquanto eu, passado, presente e possível futuro” (Ana Mesquita).
Porque é bom sentir que consigo com algumas palavras ajudar bastantes pessoas a conseguirem continuar com as suas vidas… Basicamente aquele é o meu motivo: ajudar as pessoas através de palavras e de apoio” (Filipa Vieira).

Acredito que, de uma forma ou de outra, toda a história do pensamento e do conhecimento se dirige ao homem e procura promover o bem-estar, físico e psicológico, de todos e de cada um de nós. A teologia e a filosofia querem conhecer o porquê de Deus, do universo e do pensamento humano; muitas e diversas ciências querem descrever e compreender, de forma objectiva, como é, como funciona e como se pode controlar, o mundo físico e os seus organismos; mas, só a psicologia procura conhecer e pensar, mais e melhor, a conduta humana, essa experiência de relação do homem consigo mesmo e com o seu mundo físico e social.
Ora, por um lado, é precisamente essa experiência, essa representação que nós próprios construímos, que tem o poder de transformar o mundo no nosso mundo e que tem, por isso, o poder de transformar os tempos de vida de cada um de nós em espaços de tristeza ou de bem-estar, em fases de regressão ou de desenvolvimento pessoal, em síntese, que tem o poder nos ir transformando, pouco a pouco, em pessoas psicologicamente mais ou menos equilibradas e felizes. Por outro lado, é precisamente esse objectivo, esse conhecimento e compreensão da conduta e da experiência humana que permitem ao psicólogo ajudar os outros e a si próprio através de formas de avaliação e de ajuda de natureza relacional, interpessoal e intersubjectiva.

Concluindo, também para mim, a Psicologia e, particularmente a Psicologia do Desenvolvimento fazem sentido, pois propõem uma conjugação do objecto e do método de conhecimento que lhe é própria e que não se encontra em qualquer outra disciplina.    
Mas, ainda se lembram do comboio? Cada vez que passa, parece sempre igual e sempre diferente.
Então, daqui a uns dias, começaremos a reflectir sobre esta imagem e sobre o sentido do conhecimento científico e da prática em psicologia do desenvolvimento.

M. Stella Aguiar

Referências
Guitton, J. (1995). Um século, uma vida. Coimbra: Gráfica de Coimbra, Lda.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

[Psicologia e Política]: Lei da Paridade é Igualdade?


            A Lei da Paridade, Março de 2006, estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as Autarquias Locais, têm de ser compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33% de cada um dos sexos.
            Significa isto que em cada 3 elementos de uma lista, 1 tem de ser do sexo feminino.
            Colocando de lado a aplicação ou não da lei, será importante perceber as implicações psicológicas de tal lei.

            O que se verifica na maioria das listas apresentadas desde então, é que as mulheres aparecem nos números 3, 6, 9, 12… passando de elementos participantes e intervenientes, a elementos necessários. É impossível não sentir desmotivação ao perceber este dado. A sensação que dá é que é necessário mais esforço por parte dos elementos do sexo feminino para não estarem em lugares múltiplos de 3. Não se quer participar em algo que interpretamos como sendo “para encher” ou “porque é obrigatório”. Não se quer investir em trabalho neste formato.
            É como se fosse criado um estereótipo: Pessoas do Sexo Feminino que Participam na Política, onde as mulheres são claramente, por lei, identificadas como minoria. Como se fosse necessária uma lei para que as mulheres participassem na vida política. Por vezes, parece que nos esquecemos que grandes mulheres já fizeram – e fazem – parte da vida política em Portugal.
            O efeito obtido é o contrário. Ao invés de 2 ou 3 mulheres participantes, temos 6 onde apenas metade aparece e participa, que tiram, protegidas por lei, lugar a quem poderia efectivamente trabalhar politicamente. A percepção de que é necessária uma lei que valorize o trabalho das mulheres, é ridícula. A percepção de que alguém é bom e por isso faz falta, é correcta. A motivação para a política deve ser verdadeira, sendo que a disponibilidade para tal exercício deve ser real e não promovido por lei.

            A igualdade não pode ser alcançada por leis, mas sim por mudança de pensamentos, onde terá de existir a compreensão global, por parte da sociedade em todas as suas classes, de que homens e mulheres em política, têm necessariamente de trabalhar para um todo, isso sim, protegido por lei.
            Uma lei que visa promover a igualdade de género criando desigualdades políticas directas, é uma lei sem fundamento. É necessário actuar nas opiniões públicas e na sociedade de forma a demonstrar e a valorizar o papel que as mulheres podem ter na política e na sociedade.

Tiago A. G. Fonseca

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Motivações para a Psicologia #04

Dentro da Psicologia, porquê essa área?

- Rita Ferreira, 4ºAno, Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde - Clínica Sistémica, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa:
 
Inserida na psicologia clinica, é aquela que apresenta uma perspectiva mais abrangente, não sendo possível ver o individuo sem considerar também todos os contextos em que está envolvido, fundamentando que o sujeito está sempre em relação com o que o rodeia. Olha para as pessoas inseridas num sistema, em que existe uma diversidade de relações e interacções que geram o seu equilíbrio ou desequilíbrio. Assim, possibilita um melhor entendimento da dinâmica individual e relacional do sujeito, na medida em que as estratégias de avaliação e intervenção utilizadas abrangem os elementos com quem este se relaciona e os contextos em que está inserido. Neste sentido, a intervenção realizada nesta área é alargada não só a sistemas familiares, mas também a grupos comunitários. Assim, permite-nos ter a possibilidade de não realizar apenas terapia em consulta psicológica, mas também de nos deslocarmos às comunidades, e intervirmos na realidade dos mais variados contextos."Tiago A. G. Fonseca