Paralelamente aos temas
actuais do quotidiano do país – e falo da dita crise financeira, e claro, da
tão falada visita de hoje que nos foi feita pela Chanceler Alemã - muito se tem
falado sobre o afastamento das pessoas face à classe política.
Podemos discutir as
razões para este afastamento, desde algumas razões muito óbvias até outras mais
remotas. Mas trago-vos a que me parece ser a que mais está ligada à percepção das pessoas face à política: a forma de comunicação da classe política.
Quando procuramos
expressar-nos a alguém, temos sempre em atenção quem representa esse “alguém”.
A forma como comunicamos com um familiar directo, é diferente da forma como
falamos para um professor nosso, da mesma maneira que a forma como falamos para
um colega de trabalho é diferente da forma em como o fazemos para o patrão. Tal
como a forma como prestamos uma informação de trabalho é diferente da forma
como damos um conselho ou como comunicamos algo de bom a alguém.
Significa isto que,
dependendo do público alvo e do conteúdo da informação a prestar, o interlocutor
tem de cuidar a forma da comunicação.
O que acontece é que a
classe política, quem a população espera que lhes preste informação válida,
precisa e clara, não o faz. Ou, pelo menos, assim não é percebida.
Parece que se adoptou uma
nova forma de falar, como se de um dialecto se tratasse, cada vez mais vincada
ao longo do tempo. Refiro-me ao “Politiquês”.
Ninguém quer participar
no que não percebe.
Ninguém quererá saber
do que não entende.
Ninguém irá querer
compreender o que acha que não é feito para se compreender.
É
necessário e obrigatório o bom entendimento do que se diz para que a boa
percepção das pessoas ocorra. Só assim, estas sentirão confiança em quem
comunica e, por consequência, no que por estes é realizado.
É
também importante perceber que há maior percepção de risco de algo quando a percepção
de controlo é menor. A maior e melhor informação sobre algo aumenta a percepção
de controlo, o que baixa a percepção de risco associada.
Em suma, quanto melhor
for explicado à população o que se passa e vai passar, em forma e conteúdo adequados,
mais estes participam e se motivam para a mudança, num projecto que é de todos
e para todos.
Tiago A. G. Fonseca
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