sábado, 19 de janeiro de 2013

[PREVENIcaNDO]: PREVENIcaNDO


As primeiras linhas que incluirei nesta rubrica vou dedica-las ao nome. O nome é o que normalmente usamos para nos apresentarmos. Carrega histórias familiares, heranças que se passam de geração em geração, curiosidades na forma como são escolhidos. Os nomes são pequenos rótulos que escondem mil e uma histórias, chamam à atenção para quem os usa, ou ao contrário, são discretos e contidos, são afectuosos ou funcionais.
Ouvi mil histórias de outros tantos nomes nas múltiplas vezes que perguntei aos elementos dos grupos que dinamizei o que sabiam do seu nome. É um exercício simples que se enquadra nos jogos de apresentação. Para além de passarmos a saber o nome dos elementos que nos envolvem descobrimos o seu sentido de humor, diferentes abordagens à exposição pessoal, o moldar do que é herdado em algo com o qual nos sentimos confortáveis, e sobretudo como diferentes partes da nossa identificação revelam – entre múltiplas combinações de nomes e diminutivos – os contextos relacionais das pessoas que os usam para nos chamar.

Escolhi para a rubrica o nome PREVENIcaNDO e é com ele que me apresento. Recebi o meu nome de um jogo de palavras entre o prevenir, o brincar e o prevaricar. Resultou da influência de uma crença de que foi através do brincar que aprendemos tudo o que nos preparou para a vida e que é através desse brincar (sério) que deveremos continuar a aprender independentemente da nossa idade. Resultou também da procura de equilíbrios entre ser certinho e o procurar rupturas, entre ser o que é visível e o ser metáfora, entre o bem colectivo e a protecção do indivíduo.
Acredito numa atitude de prevenção, não enquanto o evitamento do que pode ser um problema mas enquanto o que promove o crescimento e protege, não garantir a estabilidade mas tirar proveito do risco para ensaiar a mudança e reinventar a comunidade. Acredito numa prática psicológica que procura estancar a dor e o sofrimento no seu ponto de origem. Acredito numa abordagem integrada do mal-estar onde os sintomas são apenas diferentes formas de comunicação, onde o pensamento clinico é uma base de construção do que poderia ter servido de protecção no evitar de uma patologia, onde a educação é uma fonte de inspiração estratégica não para a formatação ou influência mas para a descoberta do desejo de aprender e descobrir, onde o social é um jogo de cenários onde o crescimento se dá num compromissos entre contextos com regras e códigos próprios que moldam aqueles que por lá passam.
Acredito no papel de todos e cada um na promoção da mudança. E não podendo garantir que todos se envolvam, pelo menos partilho convosco um pouco do meu envolvimento, na esperança que o contágio se revele não apenas na doença mas também na saúde…  e sobretudo na atitude colectiva que a promova.

Raul Melo

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