As primeiras linhas que
incluirei nesta rubrica vou dedica-las ao nome. O nome é o que normalmente
usamos para nos apresentarmos. Carrega histórias familiares, heranças que se
passam de geração em geração, curiosidades na forma como são escolhidos. Os
nomes são pequenos rótulos que escondem mil e uma histórias, chamam à atenção
para quem os usa, ou ao contrário, são discretos e contidos, são afectuosos ou
funcionais.
Ouvi mil histórias de
outros tantos nomes nas múltiplas vezes que perguntei aos elementos dos grupos
que dinamizei o que sabiam do seu nome. É um exercício simples que se enquadra
nos jogos de apresentação. Para além de passarmos a saber o nome dos elementos
que nos envolvem descobrimos o seu sentido de humor, diferentes abordagens à
exposição pessoal, o moldar do que é herdado em algo com o qual nos sentimos
confortáveis, e sobretudo como diferentes partes da nossa identificação revelam
– entre múltiplas combinações de nomes e diminutivos – os contextos relacionais
das pessoas que os usam para nos chamar.
Escolhi para a rubrica
o nome PREVENIcaNDO e é com ele que
me apresento. Recebi o meu nome de um jogo de palavras entre o prevenir, o
brincar e o prevaricar. Resultou da influência de
uma crença de que foi através do brincar que aprendemos tudo o que nos preparou
para a vida e que é através desse brincar (sério) que deveremos continuar a
aprender independentemente da nossa idade. Resultou também da procura de equilíbrios entre ser
certinho e o procurar rupturas, entre ser o que é visível e o ser metáfora,
entre o bem colectivo e a protecção do indivíduo.
Acredito
numa atitude de prevenção, não enquanto o evitamento do que pode ser um
problema mas enquanto o que promove o crescimento e protege, não garantir a
estabilidade mas tirar proveito do risco para ensaiar a mudança e reinventar a
comunidade. Acredito numa prática psicológica que procura
estancar a dor e o sofrimento no seu ponto de origem. Acredito numa abordagem integrada do mal-estar onde os sintomas são
apenas diferentes formas de comunicação, onde o pensamento clinico é uma
base de construção do que poderia ter servido de protecção no evitar de uma
patologia, onde a educação é uma fonte de inspiração estratégica não para a
formatação ou influência mas para a descoberta do desejo de aprender e
descobrir, onde o social é um jogo de cenários onde o crescimento se dá num
compromissos entre contextos com regras e códigos próprios que moldam aqueles que
por lá passam.
Acredito
no papel de todos e cada um na promoção da mudança.
E não podendo garantir que todos se envolvam, pelo menos partilho convosco um
pouco do meu envolvimento, na esperança que o contágio se revele não apenas na
doença mas também na saúde… e sobretudo
na atitude colectiva que a promova.
Raul Melo
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