Ontem
à noite o Professor Marcelo Rebelo de Sousa falou de algo que achei curioso.
Referiu-se aos gestos simbólicos de homenagem aos outros, como quando as suas
aulas eram interrompidas para reunião de cientifico quando era jubilado algum
docente, ou como referiu no tema central desse comentário, o facto de a Queima
das Fitas do Porto não ter sido interrompida com a morte do estudante.
Tirou,
o Professor, como conclusão, que os pequenos gestos como estes se estavam a
perder, dizendo que a solidariedade entre as pessoas está a diminuir.
O
que leva a esta quebra? Será o desvalorizar do ser humano? A azáfama da
sociedade que não permite quebras temporais? Ou a falta de pensamento de que
alguém poderia achar qualquer um destes actos importante? Penso que será um
pouco de todas, com especial incidência na última, o que me parece mais
preocupante.
Mas
nem tudo é assim. Assistimos nos dias de hoje a um crescente de ajuda entre as
pessoas, de actos de solidariedade que ajudam várias famílias e à vontade de
uma sociedade em desenvolver os esforços necessários para nunca abandonar os
seus. Isto é, a solidariedade pelo ser humano, pela esperança do novo dia, e
pelo poio ao outro, que presta a cada um a sua própria esperança de um mundo
melhor.
Encontramos
assim dois tipos de solidariedade. Um a decrescer, como são os gestos
simbólicos de homenagem, apoio, auxilio a alguém, de forma indirecta; e outro a
crescer, como são os gestos de contributo e ajuda, de forma directa a alguém. O
primeiro ligado a uma base psicológica de importância, papel e estatuto social,
e o segundo ligado ao que é a manutenção física e psicológica de alguém, no
sentido da sua sustentação “sobrevivencial”.
Este
segundo tipo, onde a comunidade actua na própria comunidade, representa um
equilíbrio entre a generosidade da esperança e o egocentrismo do desespero, onde
não faz sentido, a quem ajuda, a falta de esperança, mas que se guia, sempre de
forma não consciente, por uma motivação proveniente do que é o sentimento de desespero
que o impele a agir.
De
qualquer forma, e concluindo, o segundo tipo de solidariedade é o que nos faz
pessoas. É o que nos torna dignos de sermos comunidade e é algo que nunca deve
ser perdido, pois quando a tendência motivacional a ajudar o próximo deixar de
existir, aquilo que nos faz ser pessoa também desaparece.
Contudo,
e indo ao encontro do que disse o Professor, o primeiro tipo é o que
possibilita a identificação social, criando pequenos costumes e hábitos que
criam laços entre as diferentes comunidades, nos seus costumes e formas de
homenagear as suas pessoas.
Tiago
A. G. Fonseca
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