terça-feira, 14 de maio de 2013

[Psicologia e Política]: Solidariedade na Comunidade


Ontem à noite o Professor Marcelo Rebelo de Sousa falou de algo que achei curioso. Referiu-se aos gestos simbólicos de homenagem aos outros, como quando as suas aulas eram interrompidas para reunião de cientifico quando era jubilado algum docente, ou como referiu no tema central desse comentário, o facto de a Queima das Fitas do Porto não ter sido interrompida com a morte do estudante.
Tirou, o Professor, como conclusão, que os pequenos gestos como estes se estavam a perder, dizendo que a solidariedade entre as pessoas está a diminuir.
O que leva a esta quebra? Será o desvalorizar do ser humano? A azáfama da sociedade que não permite quebras temporais? Ou a falta de pensamento de que alguém poderia achar qualquer um destes actos importante? Penso que será um pouco de todas, com especial incidência na última, o que me parece mais preocupante.

Mas nem tudo é assim. Assistimos nos dias de hoje a um crescente de ajuda entre as pessoas, de actos de solidariedade que ajudam várias famílias e à vontade de uma sociedade em desenvolver os esforços necessários para nunca abandonar os seus. Isto é, a solidariedade pelo ser humano, pela esperança do novo dia, e pelo poio ao outro, que presta a cada um a sua própria esperança de um mundo melhor.

Encontramos assim dois tipos de solidariedade. Um a decrescer, como são os gestos simbólicos de homenagem, apoio, auxilio a alguém, de forma indirecta; e outro a crescer, como são os gestos de contributo e ajuda, de forma directa a alguém. O primeiro ligado a uma base psicológica de importância, papel e estatuto social, e o segundo ligado ao que é a manutenção física e psicológica de alguém, no sentido da sua sustentação “sobrevivencial”.
Este segundo tipo, onde a comunidade actua na própria comunidade, representa um equilíbrio entre a generosidade da esperança e o egocentrismo do desespero, onde não faz sentido, a quem ajuda, a falta de esperança, mas que se guia, sempre de forma não consciente, por uma motivação proveniente do que é o sentimento de desespero que o impele a agir.

De qualquer forma, e concluindo, o segundo tipo de solidariedade é o que nos faz pessoas. É o que nos torna dignos de sermos comunidade e é algo que nunca deve ser perdido, pois quando a tendência motivacional a ajudar o próximo deixar de existir, aquilo que nos faz ser pessoa também desaparece.
Contudo, e indo ao encontro do que disse o Professor, o primeiro tipo é o que possibilita a identificação social, criando pequenos costumes e hábitos que criam laços entre as diferentes comunidades, nos seus costumes e formas de homenagear as suas pessoas.

Tiago A. G. Fonseca

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