E estou eu agora aqui, pouco depois
de terminar o jogo do meu SL Benfica, cabisbaixo com a conclusão da época, a
ver os comentários e mensagens – nenhuma de apoio, para o caso de estarem a
interrogarem-se – e surge-me um pensamento. Uns festejam mais do que outros, da
mesma forma que uns ficam mais tristes do que outros. Pegando nas recções dos
mais extremistas, o que as motiva? Esta é uma reflexão simples e rápida.
Existe, em todos os rótulos que
associamos a nós - sejam equipas, partidos, a identificação ao curso, seja o
que for - um sentimento de pertença. Este sentimento cria várias regras de conduta,
desde a sua defesa, como a sua promoção, a responsabilidade de a carregar e a
partilha dos seus ganhos e perdas. Identificamo-nos com esses rótulos. Dizemos “Eu
sou disto”, “Eu sou daquilo”, e a responsabilidade de pertença aumenta. Vivemos
os rótulos que usamos de tal forma, que não percebemos, por vezes, outros
problemas e dificuldades, bem reais, mais importantes, que estão à nossa volta.
Alguns causados pelos próprios rótulos. Outros também, faça-se justiça,
resolvidos por eles.
É também, assim, um escape ao
dia-a-dia. Usamo-los como forma de distracção da rotina, e acabam por ser algo
que nos potencia em termos vivenciais, possibilitando experiências boas e más.
Porque se criam tantas reacções?
Porque estes rótulos contêm facilitadores de emoções, umas melhores do que outras,
umas mais adaptativas do que outras. O que é certo é que estas existem e nos
fazem viver o rótulo todos os dias, sejam clubes, partidos ou a identificação com
o curso, de forma pessoal, idiossincrática e subjectiva.
Tiago A. G. Fonseca
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