Apesar
deste poder ser um título controverso, a realidade é que não é a melhor forma
de se abordar o tema das drogas. Posso-vos dizer que já tive contacto com um paciente
que consumira cocaína apenas num pequeno período da sua vida, até consumidores
de haxixe com consequências bem complicadas.
Pois
é, desengane-se quem pensa que a cannabis é do mais inofensivo que há. E se é
real que quem consome haxixe pode não estar em risco de passar “das levas para
as pesadas”, como vimos no último post, não deixar de estar em risco pelo
consumo em si.
Existe uma síndrome clínica –
síndrome amotivacional – que é normalmente descrita em utilizadores crónicos de
cannabis. Posso-vos dizer que
esta é uma das situações que senti como mais complicadas de trabalhar do ponto
de vista clinico. Como é que um profissional que trabalha como motivações,
trabalha com um paciente amotivacional?!
Clinicamente, este síndrome
caracteriza-se por: alterações do comportamento, como o isolamento social, a
passividade e a auto-negligencia; alterações cognitivas, como deficit de
atenção, prejuízo da memória, diminuição da capacidade para resolver problemas,
prejuízo da capacidade de julgamento e dificuldade nas tomadas de decisões; e ainda
alterações volitivas, como a diminuição do interesse pela aparência pessoal,
apatia, inércia, falta de objetivos na vida, diminuição dos impulsos, perda do
interesse pelas atividades sociais, académicas e ocupacionais. Esta síndrome parece ter uma etiologia
multi-factorial, estando associado a problemas cognitivos e depressivos
causados pelo consumo regular de cannabis.
Para
uma droga leve, parece bem pesada, não acham?
Ana Nunes da Silva
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