Numa
pesquisa breve sobre que tipos de títulos aparecem acerca do envelhecimento,
verifica-se que aparecem inúmeros títulos negativos, sobre a diminuição de
capacidades, perdas, limitações; os outros mais positivos são sobre como superar
essa fase com sucesso.
Como
se envelhecer fosse uma experiência traumática que é preciso superar ou
encaixar porque pode causar danos?! Será mesmo assim tão dolorosa? E superar
para chegar onde?
Tal
como as mamãs querem dicas para superarem os primeiros meses de vida dos bebés,
os adolescentes querem saber como superar as suas“fases” e os pais desses
adolescentes desesperam para saber como superar a “fase” em que os filhos
estão, também os adultos querem saber o que fazer para melhor superarem a fase
seguinte que se avizinha - o Envelhecer.
Parece
que já nenhuma altura da vida se vive no presente, nem nenhuma “fase” tem
coisas boas a aproveitar. É tudo para superar. Pergunto-me, com que objectivo?
Temos
todos de nos apressar a superar a fase que vivemos porque é sempre má e
queremos que passe depressa, porque o amanhã será sempre melhor?!
Como
se todas as etapas de desenvolvimento fossem uma corrida de obstáculos, onde o
que interessa é chegar ao fim. Mas se algumas pessoas nem têm uma ideia clara
do que haverá nesse fim, para quê querer passar à frente, superar, correr?
O
foco no futuro longínquo deixa-nos dormentes a esta altura (seja qual for a que
estivermos a viver) da nossa vida. Dormentes no nosso presente e a quem somos
no Agora.
Deixo-vos
a conclusão de António Manuel Fonseca, que no seu livro intitulado O envelhecimento - uma abordagem psicológica
(2006), conclui do seguinte modo:
“Haverá poucas realidades tão universais como
o envelhecimento. (…) o envelhecimento é uma condição bem mais complexa do que
parece à primeira vista, pelo menos tão complexa como o crescimento, o que pode
querer dizer que tal como temos responsabilidades no acto de crescer, elas
também existem relativamente ao acto de envelhecer; se ninguém nos diz
totalmente como devemos crescer, também ninguém determina completamente o nosso
envelhecimento. Porém, ao invés de crescimento, serão decerto bastante menos
aqueles que perspectivam o envelhecimento como uma oportunidade seja do que
for, acabando a maioria de nós por vê-lo antes como um mal irremediável, um
desfecho incompreensível no fim de uma vida feita de aprendizgens, de relações,
de projectos, etc. Não se vislumbrando de imediato , no acto de envelhecer,
qualquer potencialidade construtiva, como pode a velhice trazer algo de
positivo à vida humana?”(p.185-186).
Aqui
fica a questão.
Ana
Carla Nunes
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