A adopção poderá ser na
maior parte dos casos uma experiência traumática para as crianças e as
famílias: muitas crianças institucionalizadas são retiradas de ambientes
abusivos e negligentes, sucede-se a perda da família biológica e a
“substituição” por uma casa adoptiva (que poderá já ter a residir outras
crianças), gerando maior vulnerabilidade a problemas comportamentais e
emocionais nas crianças e desafios adicionais para os pais.
A adopção por casais
homossexuais pertence aos tópicos polémicos, partindo desde a homofobia a
preocupações reais acerca do impacto que poderá ter nas crianças, tendo em vista o superior interesse da
criança, que por sua vez será superior aos direitos, necessidades ou desejos
dos adultos. No entanto, o superior interesse da criança poderá também não
residir numa instituição em que recursos afetivos, económicos e de tantos
outros níveis poderão não estar disponíveis de modo individualizado e
suficiente, prevendo-se não se suceder de igual forma numa casa adoptiva.
Não
existe evidência científica credível que demonstre que os pais homossexuais
organizam as suas casas de forma diferente, que são pais desadequados ou têm
crianças que se desenvolvem de forma diferente do que aquelas que crescem com
pais heterossexuais. Várias investigações recentes
demonstram assim que pais homossexuais, sejam adoptivos ou biológicos, são tão
capazes como pais heterossexuais em educar crianças ajustadas.
Já se concluiu também que
uma maior rigidez nos papéis parentais, regras e dinâmica da interacção em
famílias adoptivas está relacionada com maior risco de disrupção, sugerindo que a qualidade do funcionamento
familiar é provavelmente uma variável mais importante. O sucesso da adopção
relaciona-se com o equilíbrio de recursos existentes e factores stressantes,
podendo aqui incluir-se a gestão do preconceito de que serão alvo.
A investigação também
sugere que o que é de maior importância na vida das crianças não é a orientação
sexual dos seus pais, mas o amor,
cuidado e maturidade destes adultos, como a educação de que são alvo, de modo a
tornarem-se indivíduos confiantes e seguros em si mesmos.
Ana Lopes
Para uma revisão ver:
Brodzinsky,
D. & Pertman, A. (2012). Adoption by lesbian
and gay man: A new dimension in family diversity. Oxford University Press.
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