segunda-feira, 8 de abril de 2013

[Criminal-Forense]: Adopção por Casais Homossexuais: Sim ou Não?


A adopção poderá ser na maior parte dos casos uma experiência traumática para as crianças e as famílias: muitas crianças institucionalizadas são retiradas de ambientes abusivos e negligentes, sucede-se a perda da família biológica e a “substituição” por uma casa adoptiva (que poderá já ter a residir outras crianças), gerando maior vulnerabilidade a problemas comportamentais e emocionais nas crianças e desafios adicionais para os pais.
A adopção por casais homossexuais pertence aos tópicos polémicos, partindo desde a homofobia a preocupações reais acerca do impacto que poderá ter nas crianças, tendo em vista o superior interesse da criança, que por sua vez será superior aos direitos, necessidades ou desejos dos adultos. No entanto, o superior interesse da criança poderá também não residir numa instituição em que recursos afetivos, económicos e de tantos outros níveis poderão não estar disponíveis de modo individualizado e suficiente, prevendo-se não se suceder de igual forma numa casa adoptiva.
Não existe evidência científica credível que demonstre que os pais homossexuais organizam as suas casas de forma diferente, que são pais desadequados ou têm crianças que se desenvolvem de forma diferente do que aquelas que crescem com pais heterossexuais. Várias investigações recentes demonstram assim que pais homossexuais, sejam adoptivos ou biológicos, são tão capazes como pais heterossexuais em educar crianças ajustadas.
Já se concluiu também que uma maior rigidez nos papéis parentais, regras e dinâmica da interacção em famílias adoptivas está relacionada com maior risco de disrupção, sugerindo que a qualidade do funcionamento familiar é provavelmente uma variável mais importante. O sucesso da adopção relaciona-se com o equilíbrio de recursos existentes e factores stressantes, podendo aqui incluir-se a gestão do preconceito de que serão alvo.
A investigação também sugere que o que é de maior importância na vida das crianças não é a orientação sexual dos seus pais, mas o amor, cuidado e maturidade destes adultos, como a educação de que são alvo, de modo a tornarem-se indivíduos confiantes e seguros em si mesmos.

Ana Lopes


Para uma revisão ver:
Brodzinsky, D. & Pertman, A. (2012). Adoption by lesbian and gay man: A new dimension in family diversity. Oxford University Press.

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