Todas
as profissões têm vocabulário próprio. Este tende a ser utilizado na teoria e
depois, adaptado à prática. A Psicologia não foge a isso. Mas aqui surge outro fenómeno: as palavras com um sentido em Psicologia
e com outro no senso comum.
Problemas?
Nas duas dimensões em separado, nenhum. Quando se dá a junção de ambas, isto é,
em contexto psicológico (clínico, organizacional, etc), surgem as dificuldades de adaptação da linguagem, de
percepção de significados e, de desconstrução dos esquemas elaborados devido a
essas palavras.
Como
irei ver isto? Pela comparação das definições encontradas no senso comum (por
entrevista directa), contrapondo-as ao conhecimento Psicológico. Assim, surge mais um grupo de publicações a que chamarei "Da Psicologia".
A
primeira desta série é o ser Bipolar.
Para
o senso comum, encontrei que ser Bipolar é “mudar
de estado de espírito muito rápido”, “ter
variações de humor diariamente”, “fazer
escolhas diferentes todos os dias, para as mesmas coisas” e ainda, “ser incoerente nas suas atitudes”.
A
bipolaridade é assim vista, para o senso comum, como um eixo do humor
individual, onde cada um desliza ao longo do dia, fazendo variar o seu humor e
daí, os seus comportamentos. Mas não.
Afinal, o que é ser Bipolar? Segundo o DSM-IV (APA, 1994), a Perturbação
Bipolar divide-se em 4 outras perturbações, sendo as duas principais a
Bipolaridade Tipo I e a Bipolaridade Tipo II:
ᴪ
“Perturbação Bipolar I é caracterizada por um ou mais episódios Maníacos ou
Mistos, normalmente acompanhados de episódios de Depressão Major”.
ᴪ
“Perturbação Bipolar II é caracterizada por um ou mais episódios de Depressão Major, acompanhados de pelo menos um episódio
Hipomaníaco”.
Percebendo
pelo vocabulário Psicológico/Psiquiátrico a complexidade da Perturbação Bipolar,
podemos confirmar que ser Bipolar é mais do que uma “simples” alteração de
humor, onde a variância ocorre entre estados de Perturbação Severa, Depressiva Major ou Maníaca/Hipomaníaca, numa perda
de clara funcionalidade pessoal.
Tiago
A. G. Fonseca
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