No meu primeiro ano de faculdade foi pedido à turma que lesse um de entre dois clássicos da psicologia: “Ter ou Ser” ou “A Arte de Amar”, ambos de Erich Fromm. Dessa leitura, teríamos de realizar um trabalho para mostrar a todos, com exemplos do dia-a-dia, a teoria da nossa leitura posta em prática. O meu grupo ficou com o “Ter ou Ser”. O primeiro exemplo que nos lembrámos, quase em uníssono, foi o da época de Natal, colocando em diferentes lados o Ter, com a sua vertente material das prendas, e por outro o Ser, com todo o significado que a época carrega.
E se o nosso exemplo fosse a política? Não seria fácil também aqui definir o que seria Ter do que seria Ser? Penso que sim, mas haveria um problema: existe sempre, em política, uma imiscuidade dos conceitos, e o Ter ou Ser seriam interpretados de forma diferente na sua teoria.
Assim, esta publicação foca tipos de pessoas: 1) as que São; 2) as que Têm; 3) as que São o que Têm e; 4) as que Têm o que São. Porquê? Porque as pessoas são a base da política.
Os dois primeiros representam pessoas incompletas, não adaptativas mas funcionais. Fará falta Ter quando apenas Somos, e faz muita falta Ser a quem apenas Tem. Tudo vai funcionando mas pouco se consegue adaptar.
O terceiro tipo é muito perigoso. Ser o que se Tem implica não Ser sem Ter, e aqui, o que define quem Somos é o que Temos. Penso que seja este o tipo predominante de pessoas que existem hoje em dia.
Por fim, o quarto tipo representa a pessoa na sua essência mais pura. Alguém que sabe Ser, não pelo que Tem, mas pelo que É, Tendo o que É. E esta quarta pode Ter que não a afectará, enquanto Tiver, essencialmente, o que É. De realçar que esta pessoa Terá e Tem, mas não deixa de Ser o que É por isso. Deste tipo, fazem falta.
Numa altura em que Temos mais do que achamos e que, para nosso bem, também Somos mais do que Temos ideia, há que Ser mais no Ter menos. É assim que todos somos melhores, para nós e para os outros.
Tiago A. G. Fonseca
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