Etimologicamente, a palavra
VIOLÊNCIA deriva do latim – vis – tendo como significado força. A
OMS (s/data, citado por Magalhães, 2010) menciona violência referindo-se à
violência intencional ou não intencional.
A primeira remete-nos para
um comportamento voluntário, direto ou indireto, surgindo num contexto
interativo ou existindo uma relação de duas ou mais pessoas, com desigualdade
de poderes. Por sua vez a violência não intencional poderá ser utilizada
associada a acidentes (Magalhães, 2010).
Hart e Dempster (1997,
citados por Tapscott, Hancock, & Hoaken, 2012) diferenciam estes dois tipos
de violência, caracterizando a violência
instrumental como um meio para um fim (i.e., que visa a obtenção de um
objetivo externo que não o infligir da injúria), e a violência reativa como um fim em si mesmo. O
objetivo último da violência reativa é ameaçar a vítima, posteriormente à
perceção de provocação (e.g. insultos verbais, ameaça de agressão) (Bushman
& Anderson, 2001, citados por Tapscott, Hancock, & Hoaken, 2012).
Desta forma, e de
acordo com alguns teóricos (e.g. Bandura, 1973; Baron & Richardson, 1994;
Berkowitz, 1993; Bushman & Anderson, 2001; Geen, 2001; Kingsbury, Lambert,
& Hendrickse, 1997, citados por Tapscott, Hancock, & Hoaken, 2012), a
violência (entendida nesta
perspetiva como violência instrumental)
traduz-se no comportamento, por parte de
uma pessoa contra outra, que intencionalmente é de ameaça.
Por outro lado, a AGRESSÃO (entendida âmbito como violência reativa) é então entendida
como qualquer comportamento que é
executado com o intuito de causar ameaça física ou psicológico a outro
indivíduo. (Reiss & Roth, 1993, citados por Tapscott, Hancock, &
Hoaken, 2012).
Ferguson e Rule (1983,
citados por Eysenck, 2000) acrescem ainda que um comportamento agressivo
representa um ato real com intuito de magoar e que configura uma violação das normas quando percecionado como ilegítimo.
Todavia, os conceitos
de prejudicar e magoar dependem dos valores e contexto social das diferentes
culturas e sociedades (Blackburn, 1993). De salientar assim que um
comportamento agressivo não tem que necessariamente envolver ataques físicos,
como é o exemplo da agressividade verbal e/ou emocional.
No
entanto, a terminologia permanece
pouco clarificadora e pode causar problemas práticos na distinção
destes dois conceitos, pelo que a literatura distingue-os através das
consequências legais implícitas ao comportamento. Quer isto dizer que os comportamentos que são punidos por lei
tendem a ser referidos como violência,
enquanto que os comportamentos de
ameaça, que não são contemplados pela lei (ou cuja «moldura» penal não
implica cumprimento de pena de prisão efetiva) tendem a ser tidos como agressão (Megargee, 1982; Patrick &
Zempolich, 1998, citados por Tapscott, Hancock, & Hoaken, 2012).
Em
suma, podemos afirmar que violência é a
expressão comportamental (física e verbal) da agressividade e está
associada ao dano. A violência é uma variável associada à agressão, que a
define, mediante as características do comportamento expresso, i.e., trata-se da consideração da dimensão
contextual na qual se pode produzir as agressões.
Sandra Matias
Referências:
Blackburn, R. (1993). The psychology of criminal conduct. West Sussex: John
Wiley & Sons Ltd.
Eysenck, W. (2000). Psychology
– a student’s handbook. West
Sussex: Psychology Press.
Magalhães, T. (2010). Violência e abuso. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
Tapscott, J., Hancok, M., &
Hoaken, P. (2012). Severity and frequency of reactive and instrumental violent
offending: Divergent validity of subtypes in an adult forensic sample. Criminal Justice and Behavior, 39 (2),
202-219.
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