quinta-feira, 7 de novembro de 2013

[Mudança]: Qual é o sétimo continente?


"Qual é o sétimo continente?"
- Algumas considerações sobre o processo de mudança -

Sentou-se o ciclo, cruzou a perna:
"Sou um mutante, não me concluam".

Qualquer ciclo muda, entendam. Muda antes do seguinte, muda durante a sua rotação, muda cruelmente antes de se iniciar. A viagem é longa: comecemos por pensar, sem tolerância à primazia, que nós mudamos os ciclos e os ciclos pedem para mudar. Passo as correlações.
É possível pensar, ateoricamente, que estes movimentos genuínos se fazem a preparar o meio, aceitando a preparação na qual também este nos acolhe. É uma relação difícil, acena um sim a cabeça. É uma relação de partilha, de cedência, de controlo, de tomada de decisão, de atribuição de significados.
Todos vivemos em dois continentes: na geografia que nos acultura e na roda da imensurável coincidência circunstância-escolha chamada mudança.
Uma rua sem saída não está preparada para o atleta. Um rio sem vento não recebe o veleiro. Uma cidade sem mistérios não desafia o explorador. Tudo muda antes de mudar, diz-nos a Psicologia do Ambiente, mas também a Psicologia Cognitiva.
Ainda com esta cor de olhos, escolhemos o intervalo tempo-espaço para sermos mudados. Praticar a mudança dá-nos o papel de observador e depois, de escultor; depois, de observador do escultor numa relação criativa e exigente, neste compromisso da vida com a janela de Kafka.
Falo-vos de um globo onde existem sete continentes e onde o sétimo está presente nele mesmo e nos outros seis. Tem a circunstância, o espaço e as mãos incolores que sabem dar a volta ao mundo. O sétimo continente não tem nome mas por agora podemos chamar-lhe mudança, que é, como sabemos, o lugar onde acabamos sempre por nos encontrar.

Ana Rita Caldeira da Silva

Sem comentários: