"Qual é o sétimo continente?"
- Algumas considerações sobre o processo
de mudança -
Sentou-se o ciclo, cruzou a perna:
"Sou um mutante, não me concluam".
Qualquer ciclo muda,
entendam. Muda antes do seguinte, muda durante a sua rotação, muda cruelmente
antes de se iniciar. A viagem é longa: comecemos por pensar, sem tolerância à
primazia, que nós mudamos os ciclos e os ciclos pedem para mudar. Passo as
correlações.
É possível pensar,
ateoricamente, que estes movimentos genuínos se fazem a preparar o meio,
aceitando a preparação na qual também este nos acolhe. É uma relação difícil,
acena um sim a cabeça. É uma relação de partilha, de cedência, de controlo, de
tomada de decisão, de atribuição de significados.
Todos vivemos em dois
continentes: na geografia que nos acultura e na roda da imensurável
coincidência circunstância-escolha chamada mudança.
Uma rua sem saída não
está preparada para o atleta. Um rio sem vento não recebe o veleiro. Uma cidade
sem mistérios não desafia o explorador. Tudo muda antes de mudar, diz-nos a
Psicologia do Ambiente, mas também a Psicologia Cognitiva.
Ainda com esta cor de
olhos, escolhemos o intervalo tempo-espaço para sermos mudados. Praticar a
mudança dá-nos o papel de observador e depois, de escultor; depois, de
observador do escultor numa relação
criativa e exigente, neste compromisso da vida com a janela de Kafka.
Falo-vos de um globo onde existem sete continentes e onde o
sétimo está presente nele mesmo e nos outros seis. Tem a circunstância, o
espaço e as mãos incolores que sabem dar a volta ao mundo. O sétimo continente
não tem nome mas por agora podemos chamar-lhe mudança, que é, como sabemos, o
lugar onde acabamos sempre por nos encontrar.
Ana Rita Caldeira da Silva
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