sábado, 17 de maio de 2014

[Auto-cuidado]: Se a sua ansiedade falasse...


Se a sua ansiedade falasse, o que lhe diria?

Esta pergunta pode parecer estranha à primeira vista, o que é certo é que as perturbações depressivas e ansiosas afectam cada vez mais pessoas em Portugal e um pouco por todo o mundo. A ansiedade pode manifestar-se de várias formas: com o ritmo cardíaco acelerado, uma sensação constante de inquietação, suores frios e/ou localizados (ex: mãos), voz trémula, dores no corpo, entre outras.
Outro dos aspectos que pode vir associado à ansiedade é que ela parece ser pouco concreta e muitas vezes não é claro para uma pessoa ansiosa o que lhe faz surgir a ansiedade. Quando isto acontece, o sofrimento aumenta, pois aparentemente, nada parece estar associado a uma condição que acompanha a pessoa durante grande parte dos seus dias.
Vou sugerir-lhe um exercício: imagine a sua ansiedade como algo real, palpável, se fosse uma figura, como seria? Seria grande ou pequena? Provavelmente seria algo grande, devido ao domínio que tem sobre a sua vida… Que cor teria, e quais seriam as suas feições? Imaginando essa ansiedade a falar consigo, que tipo de tom de voz teria, grave e assustador ou agudo e arrepiante? Imagine-a à sua frente e pense nas coisas que ela lhe diria. A verdade é que a nossa ansiedade fala connosco, mas muitas vezes não a ouvimos, porque estamos concentrados nos sintomas físicos que ela nos provoca e tomamos medicamentos para os acalmar. Que preocupações é que a sua ansiedade o/a está sempre a lembrar? Pergunte à sua ansiedade porque é que ela está presente tantas vezes no seu dia-a-dia? O que se imagina a responder-lhe quando ela lhe lembra constantemente sobre temas que tem pendentes ou sobre receios do que possa acontecer no futuro?
Para muitas pessoas é bastante apaziguador saber que podem ter conversas com a sua ansiedade. A ansiedade tem como função deixar-nos alerta para os perigos que possam acontecer, é uma condição bastante centrada no futuro e muitas vezes naquilo que pode correr menos bem. Ela é importante porque faz com que o nosso corpo liberte substâncias como a adrenalina e que nos mova em direcção aos nossos objectivos. Quando se torna excessiva é bloqueadora e paralisadora, funcionando contra nós.
Repare naquilo que activa a sua ansiedade, pode até anotar os momentos em que se começa a sentir ansioso/a e aquilo que a sua ansiedade lhe está a dizer. Pode também responder-lhe e permitir-se deixar essas preocupações para mais tarde quando tiver mesmo de agir, em vez de estar ansioso/a por antecipação. Pode também ir dizendo à sua ansiedade que já fez tudo o que estava ao seu alcance para resolver a situação e que gostaria que ela não colocasse tanta pressão sobre si.
Estes exercícios ajudam a observar o que está a acontecer consigo e a dar-lhe algum controlo sobre uma ansiedade que parece ter vida própria.
Se a ansiedade se mantiver incontrolável e avassaladora, fará sentido procurar o apoio de um/a psicólogo/a para perceber e controlar a sua ansiedade.

Ana Sousa

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