Se a sua ansiedade falasse, o que lhe diria?
Esta
pergunta pode parecer estranha à primeira vista, o que é certo é que as
perturbações depressivas e ansiosas afectam cada vez mais pessoas em Portugal e
um pouco por todo o mundo. A ansiedade pode manifestar-se de várias formas: com
o ritmo cardíaco acelerado, uma sensação constante de inquietação, suores frios
e/ou localizados (ex: mãos), voz trémula, dores no corpo, entre outras.
Outro
dos aspectos que pode vir associado à ansiedade é que ela parece ser pouco
concreta e muitas vezes não é claro para uma pessoa ansiosa o que lhe faz
surgir a ansiedade. Quando isto acontece, o sofrimento aumenta, pois
aparentemente, nada parece estar associado a uma condição que acompanha a
pessoa durante grande parte dos seus dias.
Vou
sugerir-lhe um exercício: imagine a sua
ansiedade como algo real, palpável, se fosse uma figura, como seria? Seria
grande ou pequena? Provavelmente seria algo grande, devido ao domínio que tem
sobre a sua vida… Que cor teria, e quais seriam as suas feições? Imaginando
essa ansiedade a falar consigo, que tipo de tom de voz teria, grave e
assustador ou agudo e arrepiante? Imagine-a à sua frente e pense nas coisas que
ela lhe diria. A verdade é que a nossa ansiedade fala connosco, mas muitas
vezes não a ouvimos, porque estamos concentrados nos sintomas físicos que ela
nos provoca e tomamos medicamentos para os acalmar. Que preocupações é que a
sua ansiedade o/a está sempre a lembrar? Pergunte à sua ansiedade porque é que
ela está presente tantas vezes no seu dia-a-dia? O que se imagina a responder-lhe
quando ela lhe lembra constantemente sobre temas que tem pendentes ou sobre
receios do que possa acontecer no futuro?
Para
muitas pessoas é bastante apaziguador saber que podem ter conversas com a sua
ansiedade. A ansiedade tem como função deixar-nos alerta para os perigos que
possam acontecer, é uma condição bastante centrada no futuro e muitas vezes
naquilo que pode correr menos bem. Ela é importante porque faz com que o nosso
corpo liberte substâncias como a adrenalina e que nos mova em direcção aos
nossos objectivos. Quando se torna excessiva é bloqueadora e paralisadora,
funcionando contra nós.
Repare
naquilo que activa a sua ansiedade, pode até anotar os momentos em que se
começa a sentir ansioso/a e aquilo que a sua ansiedade lhe está a dizer. Pode
também responder-lhe e permitir-se deixar essas preocupações para mais tarde
quando tiver mesmo de agir, em vez de estar ansioso/a por antecipação. Pode
também ir dizendo à sua ansiedade que já fez tudo o que estava ao seu alcance
para resolver a situação e que gostaria que ela não colocasse tanta pressão
sobre si.
Estes
exercícios ajudam a observar o que está a acontecer consigo e a dar-lhe algum
controlo sobre uma ansiedade que parece ter vida própria.
Se
a ansiedade se mantiver incontrolável e avassaladora, fará sentido procurar o
apoio de um/a psicólogo/a para perceber e controlar a sua ansiedade.
Ana
Sousa
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