sexta-feira, 7 de março de 2014

[Mudança]: Isaac Newton era Agricultor


Isaac Newton era agricultor
- Como pode surgir o foco na criação de projectos sociais? -

“Que a tua vida não seja uma vida estéril. – Sê útil. – Deixa rasto. – Ilumina, com o resplendor da tua fé e do teu amor. “
S.Josemaria Escrivá Caminho, n.1
Temos também em nós a natural mutilação de ideias, também somos nós os comedores de rasto. É aceite pela sobrevivência e pela luta contra o tempo-urgente: precisamos do chão de agora, do número e da data, do terreno fértil e da festa de inauguração.
Na concomitância, existe a espera, a criação, o encontro e o acaso, que são vizinhos e que às vezes dão-se mal.

Escuto-me.

As partículas de luz esperaram pelo acaso; apareceu o significado depois do encontro. Analogamente falo das ideias e da grande responsabilidade a que nos sujeitamos: sermos o motor que escolhe o agente, o objecto, a acção e a razão.
Tal como a luz, não se cria autoritariamente nenhuma lei, nenhuma ligação, nenhuma mudança. Colabora-se, com o encanto da atenção e da disponibilidade.
Naturalmente, se quisermos ser preconizadores de ideias, podemos pensar neste caminho: as pessoas procuram o encanto das raízes, do ser-aqui. A vivência de ser-aqui e não de ser-em-qualquer-sítio, do seria-igual-em-qualquer-sítio ou da vigência de se ser. As pessoas procuram através da sua natureza exploradora e existencial a forma de conhecer a história e a cultura, de se conhecerem e de se desenvolverem com a responsabilidade desse conhecimento. Reconhecerem a responsabilidade e a ideia. Respeitarem a alma, que só pode funcionar num único mundo de uma forma única, a alma como nuvem irrepetível e irreparável. A alma de estar, de ser, de crescer e de criar, que existe com alguém para este sítio e para este momento, como um júbilo do cosmos.
Por isso, que a questão do foco não nos atemorize. Onde está o foco? Treme a ciência, a investigação e os relatórios de projecto. Assustar-me-ia se perdesse eu um dia num jardim o motor que liga as ideias e as transforma numa e depois noutra.
Tudo o que já conhecemos e que respeito, porque foi, acredito, encontrado e criado para existir também - os prazos e a definição – dão-nos o prazer do movimento ao calendário; e esse prazer pode depois ser vazio, onde ao conseguir respeitar o número acaba depois o ventre do tempo. Para mim são essas as metástases da criação sem alma, sem vida e sem história.
Se a sobrevivência pede a definição, a definição também pede as raízes, a terra segura, quente e confortável, o sentimento de ter sido criada para ali e não para outro sítio. Chamo-lhe identidade.
Chamo-lhe conhecer de dentro para fora e repito a semântica: a história, a cultura, a primeira arte, as raízes, o encanto do bairro, o brilho do chão, as danças de anos, os sabores que se lêem, os instrumentos que se estudam, o tempo que não é dia nem é noite.
Porque acredito nas emoções e no compromisso com a humanidade, acredito também que a economia, a matemática e as leis da física são uma forma de sensibilidade. A economia avança também através da atitude emocional, de um trabalho reflexivo enérgico e sensível.
Também Newton estudou filosofia e teologia e depois viu e sentiu a maçã; pensou sobre a maçã; comeu a maçã. Também ele estava atento aos estímulos, à natureza, ao redor, ao redor de dentro. E teve ele a oportunidade para questionar mais e ficar encantado com isso, atento e disponível para o que o distanciava das leis.
Acredito, eu, que optar pelo poder de escolher, de limitar, de criar apenas no que conhecemos e para o que conhecemos pode funcionar se vivermos confortáveis com a hipótese escolhida. Mas também podemos finalmente ver coragem e ligar estímulos que viajam connosco para outra língua e para outros símbolos. O significado nasce e viaja e somos nós o seu veículo; e somos nós parte do motor.
Não posso ser mais objectiva, quando quisermos falar de foco. O foco é o momento certo e esse sabemos que existe, sabemos que o conhecemos e sabemos que é alcançado também através de encontros pela metodologia de contacto e de descoberta humana que se chama Intuição.
Quando um homem cria um objectivo e escolhe um foco, obriga-se a ser magnânimo. E pode ser. Mas as pequenas coisas estão neste momento a perder os olhos que as vêem e que se renovam sempre maiores quando trabalhamos com pessoas.
Aqui, quando acordamos, percebemos que foi criado o novo verbo.

Ana Rita Caldeira da Silva

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