quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

[Criminal-Forense]: A Ordem Pública

A ordem pública é considerada uma conduta de interacção social pacífica, que está relacionada com o civismo. As ofensas contra esta ordem interferem com a capacidade das pessoas em realizar actividades quotidianas, em utilizar o espaço público ou mesmo propriedade privada.
            Philip Zimbardo, um psicólogo de Stanford, realizou em 1969 algumas experiências para testar a teoria das janelas partidas. Arranjou dois automóveis sem matrículas, tendo estacionado um no Bronx e outro em Palo Alto nos E.U.A. (saliente-se que o primeiro local será mais degradado e com mais criminalidade que o outro). O automóvel do Bronx foi vandalizado depois de dez minutos do seu abandono, enquanto que o outro permaneceu intacto por mais de uma semana. Depois de constatar esta situação, Zimbardo partiu uma janela do carro intacto e algumas horas depois, este também terá sido vandalizado e destruído. Quando observamos a vandalização de um local, percepcionamos automaticamente desinteresse e abandono, levando a que se repercutam este tipo de comportamentos.
            Wilson e Kelling (1982) extrapolaram esta experiência para o policiamento nas ruas. Estes investigadores partiram também de dados que lhes transmitiram que apesar das taxas de criminalidade não diminuírem, o policiamento de proximidade fazia com que os residentes da comunidade se sentissem mais seguros, ao serem assistidos de uma forma mais directa.
            É possível concluir-se que a desordem cria medo entre as pessoas, e que a nossa percepção do que é seguro ou inseguro está muitas vezes ligada à degradação de um local, mesmo que este até nem possua elevada criminalidade. Como exemplo, podemos verificar a reabilitação de espaços degradados, como a Mouraria, que ao tornarem-se mais seguros levaram a que se despoletasse um maior interesse por parte das pessoas em visitar. Também na situação acima mencionada, a polícia de proximidade terá elevado o nível de ordem pública naqueles bairros e consequentemente a percepção de segurança.
            Se certos comportamentos incorrectos são ignorados, depreende-se desinteresse, podendo levar assim a crimes mais graves.

Ana Lopes

Vito, G. & Maahs, J. (2012). Criminology: Theory, Research and Policy (3ª Ed.). Sudbury: Jones & Bartlett Learning.

Wilson, J. & Kelling, G. (1982). Broken windows: The police and neighborhood safety. Atlantic Monthly.

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