terça-feira, 16 de julho de 2013

A Sociedade e a Crítica


            Disse Aristóteles que “there is only one way to avoid criticism: do nothing, say nothing, and be nothing”.
            Chamo a atenção para o facto de o autor ter vivido entre os anos 384 e 322 a.c.
            Há mais de 2300 anos, esta era já uma preocupação da comunidade: como evitar ser criticado? Como agir sem o ser?
            Eu questiono o contrário. É suposto não sermos? Não haverá sempre quem discorde? Peremptoriamente, sim. E só assim faz sentido. Só assim podemos evoluir e criar, pois a crítica serve de avaliação, de julgamento. É o modo como os outros, os que vêm de fora, manifestam a sua opinião sobre o “do”, o “say” e o “be”.

            Mas desta mesma forma, e também peremptoriamente, digo que é preciso perceber as motivações desse criticismo. Pessoais ou colectivas? Verdadeiras ou falsas? Com que objectivos?
            Mais do que criticar, é preciso saber quando o fazer. É preciso saber o porquê de o fazer e não se enganar o próprio em “crítica pela crítica”, sem forma ou conteúdo, defendendo o que não se acredita pelo bem próprio e não comum.

            Volto à época de vivência do autor. A sociedade, cada vez mais crítica, não consegue evoluir da crítica à acção, do pensamento ao movimento, do conformismo à motivação. É necessário criticar construtivamente, e para isso, a receita é apenas uma: passar da hétero-crítica para a auto-crítica. É uma evolução, é um trabalho. Como disse numa publicação anterior, “o trabalho mais difícil é o que fazemos em nós próprios”, mas também é o mais duradouro e o que produz mais resultados.

            A crítica é o que faz a sociedade andar. Mas a crítica pela crítica é o que a faz estagnar.

            Tiago A. G. Fonseca

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