Andreia Rosa é mestranda na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, onde frequenta o 2ºAno do 2ºCiclo de estudos do Mestrado Integrado em Psicologia, Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações.
Psicologia: Uma Ciência à Beira de um Ataque de Nervos
No meu primeiro ano de Psicologia, sempre que entrava na sala de aula o meu nível de frustração subia. Não percebia qual era o objectivo de estar a aprender teorias sobre tudo e mais alguma coisa quando o meu objectivo último era “ajudar pessoas”. No final do 1º ano a minha perplexidade era tanta que a única coisa que me apetecia era desistir do curso. Ao longo da minha formação fui percebendo o objectivo de aprender todas as teorias e, prestes a terminar a minha formação graduada, consegui perceber qual é o objectivo da Psicologia.
Tendo descoberto que o seu objectivo é tornar as pessoas mais adaptadas ao seu contexto (interpessoal, profissional, familiar, etc.), percebi que tal não pode acontecer se não existir alguma coisa que suporte a nossa intervenção, no fundo, aquela coisa chamada teoria. Infelizmente, tenho constatado que a intervenção dos psicólogos está quase ao nível do senso-comum porque, na realidade, são poucos aqueles que baseiam a sua intervenção em estudos empíricos. Em último instante poderemos dizer que a culpa não é nossa mas sim da evolução da própria psicologia. De facto, tendo nascido nas academias, a sociedade foi reclamando a sua aplicação na vida diária. Isto deixou-nos num estado de pânico pois os psicólogos, sendo em primeiro lugar cientistas, são na maior parte do tempo chamados a resolver problemas na vida real. Contudo, a investigação e a intervenção não são dois domínios incompatíveis. Tal como Leonardo da Vinci escreveu “Aqueles que são apaixonados pela prática sem a ciência são iguais a um piloto que navega num navio sem leme ou bússola e nunca tem a certeza para onde vão. A prática deve estar sempre baseada num perfeito conhecimento da teoria.”
Aos estudantes digo apenas para reclamar junto dos professores a utilidade de tudo aquilo que aprendemos. Inquietem-se, investiguem e explorem. Aos professores/investigadores peço apenas para nos envolverem na ciência que praticam e que nos mostrem o bom caminho para a construção desta ciência tão recente. A todos os profissionais de psicologia pensem nas suas intervenções e nos pressupostos que as guiam. Terá mais impacto na sociedade substituir a frase “na minha opinião eu acho...” por “as investigações feitas no campo dizem que...”.
Com esta minha reflexão pretendo apenas alertar para a importância de aplicar a ciência na intervenção psicológica, de modo a conseguirmos tirar a ciência que a todos nos une deste “estado de nervos” em que se encontra.
Psicologia: Uma Ciência à Beira de um Ataque de Nervos
No meu primeiro ano de Psicologia, sempre que entrava na sala de aula o meu nível de frustração subia. Não percebia qual era o objectivo de estar a aprender teorias sobre tudo e mais alguma coisa quando o meu objectivo último era “ajudar pessoas”. No final do 1º ano a minha perplexidade era tanta que a única coisa que me apetecia era desistir do curso. Ao longo da minha formação fui percebendo o objectivo de aprender todas as teorias e, prestes a terminar a minha formação graduada, consegui perceber qual é o objectivo da Psicologia.
Tendo descoberto que o seu objectivo é tornar as pessoas mais adaptadas ao seu contexto (interpessoal, profissional, familiar, etc.), percebi que tal não pode acontecer se não existir alguma coisa que suporte a nossa intervenção, no fundo, aquela coisa chamada teoria. Infelizmente, tenho constatado que a intervenção dos psicólogos está quase ao nível do senso-comum porque, na realidade, são poucos aqueles que baseiam a sua intervenção em estudos empíricos. Em último instante poderemos dizer que a culpa não é nossa mas sim da evolução da própria psicologia. De facto, tendo nascido nas academias, a sociedade foi reclamando a sua aplicação na vida diária. Isto deixou-nos num estado de pânico pois os psicólogos, sendo em primeiro lugar cientistas, são na maior parte do tempo chamados a resolver problemas na vida real. Contudo, a investigação e a intervenção não são dois domínios incompatíveis. Tal como Leonardo da Vinci escreveu “Aqueles que são apaixonados pela prática sem a ciência são iguais a um piloto que navega num navio sem leme ou bússola e nunca tem a certeza para onde vão. A prática deve estar sempre baseada num perfeito conhecimento da teoria.”
Aos estudantes digo apenas para reclamar junto dos professores a utilidade de tudo aquilo que aprendemos. Inquietem-se, investiguem e explorem. Aos professores/investigadores peço apenas para nos envolverem na ciência que praticam e que nos mostrem o bom caminho para a construção desta ciência tão recente. A todos os profissionais de psicologia pensem nas suas intervenções e nos pressupostos que as guiam. Terá mais impacto na sociedade substituir a frase “na minha opinião eu acho...” por “as investigações feitas no campo dizem que...”.
Com esta minha reflexão pretendo apenas alertar para a importância de aplicar a ciência na intervenção psicológica, de modo a conseguirmos tirar a ciência que a todos nos une deste “estado de nervos” em que se encontra.
3 comentários:
Não podia concordar mais com a quase totalidade daquilo que disseste. Tenho o prazer de conhecer alguns dos poucos mas bons profissionais da nossa área.
Beijinhos
Já tive a oportunidade de falar várias vezes com a Andreia sobre isto. Não concordo na sua maioria.
Percebo o que dizes da frustração, mas penso que seja uma situação de encaixe onde vais tentando perceber o que aprendes e onde podes usar. Claro que há cadeiras em que não aprendes e outras onde te dão a aprender cosias que realmente são senso comum, mas não me parece que num geral, a Psicologia possa ser encarada desse modo.
O sentido geral do que dizes, da falta de estudo empírico, acho que tens toda a razão e deve ser sem dúvido algo em que se deve apostar urgentemente. Mas não concordo que devido a essa falta, a Psicologia se torne de senso-comum.
Quando há bons profissionais, deixa de ser do senso-comum, tendo de se ser profissional para o desempenhar.
Mais uma vez obrigada pela tua contribuição! :)
Cara Andreia, muito obrigado pelo teu contributo para o blog.
Penso que hoje em dia existem demasiadas faculdades a leccionar o curso de Psicologia, mas que de Psicologia não tem nada. Acho gritante que haja alunos que vão fazer mestrado na nossa faculdade sem que tenham tido Psicometria na sua licencitura. Realmente é "de gritos" que uma pessoa que adquire competência para aplicar testes com a licenciatura em Psicologia nem sequer saiba conceitos como validade e precisão, como WAIS, WISC, WPPSI...
Concordo quando alertas para o caminho que a Psicologia está a tomar, porém penso que a Psicologia não chega a ser senso-comum, penso que quando procuro artigos acerca de assuntos realmente relevantes e complexos consigo encontrar autores coerentes e com resultados bastante suportados. Os assuntos menos "complexos", mais próprios do "senso-comum" nunca deixarão de ser vistos como tal. Há matérias que aprendemos no nosso primeiro ano que de facto são senso comum, mas à medida que vais avançando percebes o quanto são ignorantes as pessoas que menosprezam o nosso trabalho.
Agora em mestrado e fazendo uma análise retrospectiva do meu percurso e dos conhecimentos que adquiri, rio-me quando escolho um produto da prateleira do centro do supermercado e penso se quero mesmo aquilo ou se é a minha mente que me quer enganar :P Lolololol.
Acho que é gritante que haja professores pouco qulificados em determinadas áreas a leccioná-las nas faculdades e acho que aí devemos debatermo-nos para que algo mude, porque quem sai com uma má formação acaba por denegrir a nossa imagem também, enquanto psicólogos, mas relativamente ao resto da população penso que o tempo e as investigações que se têm vindo a desenvolver em psicologia vão acabar por mudar a nossa realidade. Acredito mesmo nisso!! :)
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